quinta-feira, 17 de julho de 2014

QUEM ERA VOCÊ HÁ 10 ANOS?


Fiquei pensando que há 10 anos eu era uma menina e nem sabia quem era Grotowiski ou Barba.
Só existia Stanillaviski que eu achava meio estranho e Kusnet que me assustava.


Teatro Municipal de Rio Grande- RS

Em 2000 saí do sul do sul, da cidade de Rio Grande para vir pra POA fazer Faculdade de Artes Cênicas, meu sonho desde os 12 anos, quando comecei a fazer teatro amador.

Chegada no DAD (Departamento de Arte Dramática da UFRGS), 2000.

Na cidade de Rio Grande não tinha escola de teatro. 
Mas tinha Oficinas Teatrais.
Lembro de exercícios como:
 Ser uma planta, jogo do espelho, "olha a faquinha que eu achei no mato" ou "um caracol bem encaracolado..." 
Sabe?

O primeiro personagem: O Corvo de A Praça dos Sonhos.
Rio Grande, 08 de Julho de 1993.


Depois se montava as peças.
Se ensaiava daquele jeito... amador...Mas cheio de paixão.

"Explode Coração"  (1993). Direção: Clarice Ziegellmann
Muita gente dessa foto ainda faz teatro.

Queria algo mais que aquilo. 
Não sabia o que era. 
Apenas queria.



Na busca por esse algo saí da terra natal.
Encontrei nas salas do DAD (Departamento de Arte Dramática da UFRGS) 
tudo o que eu queria e nem sabia!

Turma de Improvisação da Prof. Ines Marocco - 2000.


Turma de Artes Cênicas - UFRGS e da UFSM no Encontro Mundial das Artes Cênicas (ECUM, 2001, BH)



Turma de Artes Cênicas - UFRGS com a Professora Carmen Lenora



O corpo
A improvisação difícil e afiada
O nó na cuca, e consequentemente, na garganta. 
No meio disso conheci pessoas incríveis...

Colegas do Dad-UFRGS (Departamento de Arte Dramática) após assistirmos a peça Anjo Duro de Luiz Valcazaras (2000).
Da esquerda para a direita: Tatiana M., Eu, Denis Gosh, Daniel Colin, Alexandre Scapin


No meio disso, apareceu o Grotowiski.
O Barba.
Chorei com seus relatos.
Me energizei com seus treinamentos. 
Achava que aquilo era tudo pra mim. 
Era aquilo que eu queria. 
Depois conheci lições do Lecoque.
Caí fazendo acrobacias.
Detonei pescoço. 
Parei para me recuperar...
Voltei a treinar.


  



Em alguns momentos era tudo mecânico, não sentia... 
O cotovelo falava, mas o sentimento não. Difícil isso...



Pesquisa As Técnicas Corporais do Gaúcho e sua relação com a performance do Ator/Dançarino, 2002.

A busca continuava...
Ser boa...
BOA ATRIZ...
Ser...

Confesso que Capitu, 2004. Foto: Myra Gonçalves

No meio dessa busca, encontrei mestres que me estenderam a mão.
Me desiludi com outros.
Sofri a dor da imprecisão, controlei um pouco aqui e ali.
Respirei fundo, tranquei o ar e fui.


Espetáculo O Nariz, 2003.

Como uma patrola às vezes, outras vezes cãozinho perdido, querendo chamar a atenção.
Uma luta diária, a cada segundo.


Oficina O Mimo Corpóreo com Thomas Leabhart.
Experiência incrível. Eu tô ali do ladinho dele, babando de feliz!


Nessa busca troquei de país.
Fiquei fora um tempo e vi que aqui era melhor. 


"Verónica, personagem de Sevilha com acento italiano de um curso com Miquel Crespi"


Lá eu não era atriz. 
Era uma estrangeira com sotaque.


La Niña Violeta - Apresentação Pasacalle em Córdoba-Espanha-2006



Aprendi muitas coisas como espectadora do mundo.

Do globo cheio de fronteiras, línguas, dores e saudades.


Padrão dos Descobrimentos (Lisboa) Eu com apenas 02 mãos e o sentimento do mundo...

Já aprendi a me aceitar um pouco mais.
Às vezes acho que sonho menos,
 em outros momentos o tempo todo!


A volta ao Brasil (uma das voltas, com o diploma de mestrado na bagagem!)


Consigo perceber a necessidade do tempo das coisas.
Do tempo da planta...



Oficina O Corpo Musical no Teatro com Jean Jacques Lemètre (Théâtre du Soleil - França), 2011


E sim, a dificuldade de se organizar.
Se agilizar. 
Vivenciar produção e atuação. 


Histórias de Uma Mala Só


Correr atrás, ligar.
E ainda ter inspiração para um movimento puro...
Um olhar verdadeiro.


Ensaio de Confesso que Capitu, por Roberto Caruso

Nesses 10 anos aqui fiz um pouquinho bastante de mim. 
Aprendi muita coisa que eu nem imaginava. 
Acho que estou cada vez mais pensando que entendi o que eu não sei. 
Só pensando...
Um suspiro. 
Lista de coisas pra fazer.
Uma felicidade. 
De repente, fico entusiasmada com surpresas boas da vida!
Que bom!

Pesquisa de Criação Dramatúrgica no Centro de Documentación de las Artes Escénicas de Andalucia.


Se eu puder apenas respirar inteiramente, já vai valer a pena.


Perdida pelos palcos dos pampas




Essa é uma impressão que eu queria dividir.
Até,
Elisa Lucas
22/10/2009


Obs: Há 05 anos escrevi esse texto. Dedico-o ao Professor Antonio Amancio e a todos aqueles que seguem movidos pelo sonho.
Esse texto diz tanto sobre minha trajetória pessoal e artística que achei que valia a pena colorir as palavras com fotos dos caminhos percorridos e sonhados nessa incessante busca  pelo palco. Salve!

Um comentário:

  1. Desafio: Reescrever o texto sem choramingar.
    Será que eu consigo?
    Lá vai:

    Fiquei pensando que há 10 anos eu era uma menina e nem sabia quem era Grotowiski ou Barba.
    Só existia Stanillaviski que eu achava meio estranho e Kusnet que me assustava.

    Em 2000 saí do sul do sul, da cidade de Rio Grande para vir pra POA fazer Faculdade de Artes Cênicas, meu sonho desde os 12 anos, quando comecei a fazer teatro amador.

    Na cidade de Rio Grande tinha oficinas teatrais.
    Lembro de exercícios como: Ser uma planta, jogo do espelho, "olha a faquinha que eu achei no mato" ou "um caracol bem encaracolado..." - Sabe?
    Depois se montava as peças. Se ensaiava daquele jeito... amador...Mas cheio de paixão.

    Queria algo mais que aquilo. Não sabia o que era. Apenas queria.

    Na busca, saí da terra natal. E encontrei nas salas do DAD (Departamento de Arte Dramática da UFRGS) tudo o que eu queria e nem sabia! O corpo. A improvisação difícil e afiada. O nó na cuca, e consequentemente, na garganta. No meio disso conheci pessoas incríveis...
    Apareceu o Grotowiski. O Barba. Chorei com seus relatos. Me energizei com seus treinamentos. Aquilo era tudo pra mim. Era aquilo que eu queria. Depois conheci lições do Lecoque.

    Caí fazendo acrobacias. Detonei pescoço. Parei para me recuperar. Voltei a treinar.

    Em alguns momentos era tudo mecânico, não sentia. O cotovelo falava, mas o sentimento não.

    A busca continuava. Ser boa. BOA ATRIZ. Ser.

    Encontrei mestres que me estenderam a mão. Me desiludi com outros. Controlei a Imprecisão, aqui e ali. Respirei fundo e fui. Como uma patrola às vezes, outras vezes um cãozinho perdido, querendo chamar a atenção.

    Troquei de país. Fiquei fora um tempo e vi que aqui era melhor. Lá eu não era atriz. Era uma estrangeira com sotaque. Aprendi muitas coisas como espectadora do mundo. Do globo cheio de fronteiras, línguas, dores e saudades.

    Aprendi a me aceitar um pouco mais. Às vezes acho que sonho menos. Outras vezes, o tempo todo! Percebo a necessidade do tempo das coisas. Do tempo da planta. E sim, a necessidade de me organizar. Me agilizar. Vivenciar produção e atuação. Correr atrás, telefonar. E ainda ter inspiração para um movimento puro. Um olhar verdadeiro.

    Nesses 10 anos fiz um pouquinho bastante de mim. Muita coisa que eu nem imaginava. Estou cada vez mais pensando que entendi o que eu não sei. Só pensando.
    Um suspiro.
    Lista de coisas pra fazer.
    Uma felicidade.
    De repente, fico entusiasmada com surpresas boas da vida!
    Coisa boa!
    Se eu puder respirar de verdade, tá valendo a pena!


    Essa é uma impressão que eu queria dividir.
    Até,
    Elisa Lucas
    22/10/2009


    Obs: Há 05 anos escrevi esse texto. Dedico-o ao Professor Antonio Amâncio e a todos aqueles que seguem movidos pelo sonho. Salve!

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